"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quarta-feira, 4 de março de 2009

O lendário “Brown Sound” de Eddie Van Halen

A técnica, timbre, e estilo de Edward Van Halen são lendários. Cresci ouvindo sua fase inicial e eu ficava assombrado pelos sons crus e puros de rock que Edward produzia com suas guitarras. Num período onde a guitarra rock tinha ficado estagnada, Edward surgiu na cena como uma bola de fogo. Conforme os anos 80 iam passando, parecia que todo mundo tinha se tornado um clone de Eddie, com suas guitarras custom modificadas em estilo strato e cabeçotes Marshall de 100 watts. O som de Edward nessa época foi rotulado como “Brown sound”. Vamos dar uma olhada em como ele o usava nesses primeiros dias do Van Halen.

Guitarras

A guitarra mais famosa usada por Edward nos primeiros discos do Van Halen foi sua strato listrada de branco e preto mostrada na capa do seu primeiro álbum. Penso que ela foi composta por várias partes incluindo diferentes braços (um braço Kramer foi colocado nela por volta de 1984), a fórmula básica de construção de guitarras de Edward para suas gravações e várias guitarras de palco era simplesmente uma.

Na revista Guitar World de Janeiro de 1981, Edward revelou que ele de fato tinha uma preferência por braços de maple sem acabamento bem como por captadores Gibson PAF. Seus braços eram também de maple “composto”, com design de duas peças como usado nas Fenders do final da década de 60 que amaciavam o às vezes “super-brilhante” timbre dos braços de maple de uma só peça.

Enquanto ele admitiu estar usando diferentes tipos de captadores, sua preferência naquele momento para substituir os captadores (pois os Gibson PAF foram tirados de uma ES-335) foi pelos fabricados pela Seymour Duncan.

A guitarra de Edward usada no primeiro disco do Van Halen era um corpo de Fender Stratocaster 1959 atualizado com várias partes. A ponte nesta primeira guitarra era Fender tremolo standard de uma Stratocaster 1958 (nota: outras reportagens encontradas na Internet têm sugerido que o próprio corpo da guitarra era de vários outros anos – mais comumente de 1965). Em Van Halen II, uma Stratocaster Charvel com seu único captador humbucking na ponte era usada. O captador usado para as sessões de gravação não foi aquele visto na foto do álbum Van Halen II. De fato, o verdadeiro captador que ele usou foi outra criação personalizada de Edward. Colocando um imã de um Gibson PAF dentro de um captador DiMarzio e então re-enrolando ele à mão, Edward eventualmente achou um timbre apropriado do qual gostou e este foi o captador final usado na guitarra e nas sessões de Van Halen II.

Para as futuras guitarras, Edward montaria seus captadores diretamente dentro do corpo do instrumento, pois ele percebeu que assim os captadores funcionariam como “um” com suas guitarras e, portanto o sustain seria aumentado.

Outra idéia interessante que Edward revelou na Guitar Player de abril de 1980 foi que ele mergulhou muitos de seus captadores em cera parafina para reduzir o ruído de feedback. A idéia era que a parafina poderia evitar o movimento súbito das voltas que causavam feedback. Edward também admitiu ter destruído alguns captadores nesse processo já que a cera às vezes queimava os enrolamentos da bobina quando deixada por muito tempo mergulhada.

Edward utilizou a alavanca pesadamente e foi um dos primeiros adeptos do famoso sistema de alavanca com trava dupla Floyd Rose. Sua primeira guitarra a incorporar uma Floyd Rose foi, é claro, outra criação personalizada de Edward, desta vez apresentando um corpo todo em mogno feito por Boogie Bodies, e um captador Gibson PAF conectado diretamente ao controle de volume.

A queixa de Edward sobre o design Floyd Rose era que isso poderia tornar o timbre um pouco magro e brilhante. Como resultado, o corpo Boogie de design Stratocaster em mogno (que na verdade era mais denso que um corpo de Strato Standard) ajudou a adicionar sustain e a reduzir a “magreza” de timbre que ocorria devido a Floyd Rose. Por causa das mudanças nas características sonoras que a Floyd Rose provocou, Edward optou por ficar com as guitarras que tinham a ponte com alavanca Standard no estúdio e usar as com Floyd Rose para shows. Dentro de suas guitarras Edward desligou todos os controles de tonalidade (tone) e ligou seus captadores com apenas um controle de volume, com valor de 500K Ohms. Não havia lógica por trás disso, Edward admitiu em fevereiro de 1990 na Guitar World, e ele simplesmente fez isso porque quando desmontou sua primeira guitarra e removeu o escudo, não estava certo de como estavam ligados os controles de tonalidade para religá-los novamente. Escolhendo por manter as coisas simples, Edward apenas descartou as partes desnecessárias, o que desencadeou uma nova tendência no design de guitarras ao longo dos anos 80. Para muitas das bases do Van Halen que não necessitavam de alavanca, Edward também usou uma Ibanez Destroyer equipada com captadores Gibson PAF. Na Guitar World de Junho de 1985, Edward disse ter usado essa guitarra em muitas faixas famosas inclusive "You Really Got Me" e "Jamie’s Cryin". Essa guitarra era feita de Korina e Eddie é fotografado com ela no álbum Women and Children First".

Finalmente, Edward também usou várias outras guitaras para gravar. As mais conhecidas e já mencionadas foram uma Gibson ES-335, Les Paul e Les Paul Jr.

Fonte: Mr. 5150's Van Halen Page

Tradução e adaptação: Osmani Jr.

7 comentários:

  1. Osmani, você está transando com a guitarra do Van Halen? Hehehe, ótimo post cara, bem detalhista, coisa de quem sabe o que tá falando... Abraço.

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  2. O loco Murilo! Transando com a guitarra? Acho que não deve ser uma coisa muito agradável não...hahaha

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  3. "Hoje Mani", do caralho o blog.
    Van Halen é o cara. Até hoje.

    Abs!

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  4. Osmani,
    quais o efeitos e qual a distorção que o EVH usava na época dos primeiros dois albuns, o Van Halen e o Van Halen II?
    Abraço.

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  5. Os efeitos eram os classicos MXR Phase 90 e Flanger, sempre entre a guitarra e o amp, o qual gerava a distorção, um Marshall Plexi 1959 SLP de 100W ano 67 com 6 válvulas CA7 Sylvania no Power e um Variac p/ abaixar a potencia em torno de 90W. Fora isso, um Echoplex EP3 p/ delays curtos e ambiencia no geral. Basicamente é isso em termos de efeitos e drives. Existem alguns outros pequenos detalhes de ligação, tais como o Power Amp H&H entre o Plexi e os gabinetes 4x12, o Eq MXR de 6 bandas usado eventualmente dependendo da guitarra, etc, etc.

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  6. http://mr5150.vhvault.com/evh-brown-sound.html

    Esqueceu de dar os creditos amigo!

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  7. Não seja por isso, Carlos, voce tem toda a razão! Créditos dados com justiça! Obrigado pela observação!

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