"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quinta-feira, 5 de março de 2009

O lendário “Brown Sound” de Eddie Van Halen (parte 2)

Amplificadores

Existem muitas concepções erradas sobre o primeiro amplificador usado por Edward Van Halen para gravar. Rumores têm aparecido de que o amplificador foi altamente modificado e alguns desses rumores foram de fato gerados pelo próprio Mr. Van Halen (ele admitiu ter contado essas estórias para promover seu técnico e amigo José Arrendo). Entretanto, a verdade de acordo com nosso melhor conhecimento, seu amplificador escolhido para gravar, um Marshall Super Lead 100 Watts de meados doa anos 60, era inicialmente original. Edward era inflexível sobre conseguir seu timbre através das válvulas de potência e conseqüentemente ajustar todos os controles de tonalidade e volume no Marshall no 10. Ele controlava o volume geral de saída de duas formas.

Primeiro, ele usava um ‘Ohmite Variac’, um transformador variável que podia abaixar ou aumentar a voltagem que ia ao amplificador. Edward ajustava o ‘Variac’ em aproximadamente 90 volts, reduzindo assim a quantidade de voltagem de entrada indo ao amplificador e permitindo que o amp ficasse mais controlável. Um elemento chave também não considerado hoje em dia é que quando se usava amps Marshall vintage, que na maioria eram feitos para exportação aos EUA, estes tinham 110 volts e a voltagem normal para os EUA é de 120 volts. Como resultado, enquanto existiam muitas considerações sobre o perigo do uso de um ‘Variac’, em muitas aplicações, ele obviamente oferecia um benefício.

De acordo com Gerald Weber da Kendrick Amplifiers, na edição de Outubro de 2000 da revista Vintage Guitar, ele declarou, "Você não pode danificar seu Marshall (ou qualquer outro amp) ligando ele numa voltagem mais baixa que a normal. As opiniões que você ouviu concordam em ligar o ‘Variac’ em níveis mais altos que o normal.”

A segunda maneira que Edward controlava seu volume de saída geral era que ele poderia usar a ‘dummy load box’ depois do cabeçote Marshall , na prática fazendo do Marshall um preamp do sistema inteiro. A saída do ‘load box’ poderia então passar pelos seus efeitos que estariam indo pro estagio de entrada dum ‘power amp’ (normalmente um H&H V800 Mosfet, de acordo com a revista Guitar World de Setembro de 1986). A saída de falantes de seu Marshall era de 8 ohms e a resistência da ‘dummy load box’ era de 20 ohms pra ajudar a pressão do amp em volume total. O beneficio da configuração com ‘dummy load’ era não apenas controlar os níveis de volume (Edward gostava das coisas altas!), mas também permitir que seus efeitos baseados em tempo funcionassem e soassem bem com a cadeia de sinal. Qualquer um que tente colocar um flanger ou delay na entrada dum Marshall no Maximo vai concordar que eles não soam legal. No caso do flanger, é porque a distorção nas válvulas de saída vai comprimir e distorcer a onda do flanger e a dinâmica será eliminada. Para um delay ligado desta forma, as repetições dele serão amplificadas e distorcidas e não soarão como um eco de verdade. Quando Eddie ligava o Echoplex entre o Marshall e o H&H power amp, isso também fazia o Echoplex muito menos ruidoso simplesmente produzindo um timbre melhor.

Várias configurações de caixas foram usadas (todas Marshall, entretanto), mas Edward estava inclinado a usar caixas com falantes Celestion Vintage 30 bem como os 75 pra palco. No estúdio, ele usava tipicamente uma caixa de graves dos anos 60 junto com seu Marshall Plexi Super Lead principal. O ano do seu modelo Super Lead é especulado entre um 1966 ou 1967, de acordo com um dos técnicos de guitarra de Eddie, Matt Bruck, numa reportagem da Guitar World de 1991. Numa entrevista de 1985 com outro de seus técnicos, Robin Leiren, ele afirmou que o Marshall usava válvulas Sylvania 6CA7 (uma versão um pouco mais pesada das EL34 e fora de produção).

No estúdio para o primeiro álbum do Van Halen, Edward ligou o Marshall Super Lead através da ‘dumy load’ em duas caixas retas Marshall. Uma com Celestions Greenback de 25W e a outra com JBLs. Para o Van Halen II, uma configuração básica foi usada, com o Marshall Super Lead e uma única caixa sem a ‘dummy load’, mas ainda usando um ‘Variac’. Discos posteriores voltaram a configuração com ‘dummy load’.

No estúdio, ele costumava usar um ou dois microfones Shure SM57. Na configuração de dois mics, um deles era alinhado reto em frente da caixa e no centro do falante, e o outro era posicionado num ângulo paralelo com o cone do falante (de acordo com a edição de Março de 1995 da revista Guitar). Desta forma, ele poderia ajustar seu timbre de gravação por causa da diferença de fase criada pelo ângulo dos dois microfones. A idéia básica do microfone angulado era criar mais graves.

Nenhum comentário:

Postar um comentário