"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Joshua Bell

"Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô, vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas e num instrumento raríssimo - um Stradivarius de 1713, com valor estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a bagatela de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas e que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?
Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.
Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.
Mostra-nos, ainda, que a maioria das pessoas só valoriza aquilo que está precificado (e com a falsa ideia de que o que é mais caro é melhor)..."
http://br.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw

Acrescento aqui minha observação pessoal sobre o texto acima: talvez eu esteja bem atrasado em postar este texto aqui, porém ele sempre será atual porque esse tipo de coisa sempre aconteceu e sempre acontecerá. Mundialmente e principalmente no Brasil. Mais do que isso, num contexto local, aqui na minha cidade ele também é bastante aplicável...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

The Blues is Alright!

Ontem fiz uma Gig de Blues que me foi bastante reveladora. Há mais de 10 anos não tocava blues/rock e achei que meus dedos estavam enferrujados mas após algumas músicas percebi que na verdade era minha mente que estava. Gosto de ouvir e tocar todo tipo de bom som. Música brasileira, jazz, funk, pop, etc, mas já havia me esquecido do prazer e principalmente da minha origem e natureza blueseira e rockeira, do início da minha vida guitarrística aonde a pegada, atitude, intuição e audácia falavam mais alto que a teoria e a técnica. A verdade é que é neste tipo de som que consigo demonstrar melhor o que sou como guitarrista. É este som que faz meu sangue azul ferver. Azul por não conter ferro e sim cobre, como os límulos do mar, criaturas pré-históricas que estão aí até hoje imutáveis e sem previsão de extinção, como nós os jurássicos do rock. Azul de Blues. Tenho sempre buscado por ouvir novos sons, cada vez mais complexos, mas é quando ouço novamente o que ouvia quando era adolescente, o blues e o rock dos anos 70 e 80, que realmente o sangue borbulha nas veias, o coração acelera, a pressão sobe e já começo a procurar o telefone do Dr. Laércio, meu cardiologista, porque apesar da simplicidade musical, são esses sons que me fazem recordar do quanto é legal dar um bend de 2 tons na guitarra quase arrancando a corda fora, como nos velhos tempos. E tudo isso eu senti ontem. E tudo porque também não tive preguiça de levar meu amp pesadão e mais caixa 4x12, uma verdadeira jaca! Porque não tive preguiça de levar os pedais corretos. Porque não tive preguiça de levar duas guitas, uma em afinação aberta só pra usar slide. Timbres magníficos!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pé-de-galinha!

Ser pé-de-cachorro é lastimável...mas ser pé-de-galinha é maravilhoso! Vivemos num tempo em que o cenário musical, especialmente o rock, vive afogado num mar de bandas todas iguais, com criatividade zero, nomes ridículos e visual mais ainda, com penteados lambidos e caras de viadinho, onde saber tocar 3 power-chords já é muito mérito.
Sammy Hagar, Michael Anthony, Chad Smith e Joe Satriani, o Chickenfoot é a reunião de quatro músicos excepcionais afim de se divertir, acima de tudo, provando mais uma vez que nós os tiozões do rock ainda temos muito o que dizer pra essa molecada sem perspectiva...
Acessem: http://www.chickenfoot.us/

sábado, 16 de maio de 2009

Existe música eletrônica de qualidade no Brasil? Com certeza!

Gostaria de destacar e divulagar o excelente trabalho que vem sendo realizado pelo meu grande amigo, parceiro musical e companheiro jurássico dos tempos do Santo Graal, Fernando Castro juntamente com o internacional DJ Ramilson Maia em SP, mostrando que música boa não tem barreiras de estilo ou limitações de recursos tecnológicos quando o talento fala mais alto. Confiram a matéria completa neste link:
http://macmais.terra.com.br/materias/quem-precisa-de-mac-pro/

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Meu anjo da guarda...

A vida é normalmente curta. E para alguns é mais ainda. Toda vez que me encontro só fico meditando sobre estas questões exitenciais graças ao auxílio de alguns agentes externos. Música de alguns gênios contemporâneos entrando pelos meus ouvidos e líquidos catalizadores descendo minha garganta! Jeff Buckley é um deles (gênio e não líquido). Um verdadeiro anjo que desceu à Terra por um breve instante apenas para nos mostrar o significado de grandes composições, letras do fundo da alma e como tocar guitarra com atitude. Guitarrista? Sim senhor! Sem fritações, porque quem gosta de fritura tem que trabalhar no MacDonalds. Odeio frituras (e meu cardiologista agradece). Fazendo uma boa analogia ao estilo de se abordar a guitarra, prefiro churrasco. De costela preferencialmente, como no Clube da Costela, colocada no fogo um dia antes! Infelizmente é notável que a lição de Jeff Buckley não foi captada por todos. Como disse Bono Vox, "Jeff Buckley é uma gota cristalina num oceano de ruídos" e Jimmy Page, "Quando Plant e eu vimos ele tocando na Austrália, ficamos assustados. Foi realmente tocante." Apesar da morte trágica, Jeff Buckley tem vindo a conquistar novos fãs. Artistas como Radiohead, Coldplay e Muse não se cansam de mencionar Jeff como uma das suas principais influências. Além disso, “Grace” é constantemente citado como um dos melhores álbuns de todos os tempos. Infelizmente este anjo nos deixou prematuramente. Mas eu posso afirmar com senso de dever de casa cumprido que aprendi a lição...e me recordo disto sempre que ouço "Lover you should've come over", entre outras...

domingo, 3 de maio de 2009

Em terra de Pés-de-cachorro quem usa chinelo é Rei

OK, não escrevi nada relativo ao dia do Trabalho porque estava muito ocupado fazendo "NADA"! Na verdade acho que este dia deveria ser em comemoração ao resultado de Força x Deslocamento, genericamente falando (não vamos apelar pro cálculo diferencial hoje por favor!). E falando em trabalho (daquele do tipo árduo mesmo) este feriado me foi útil pra ratificar minha teoria sobre o tipo de músicos com quem eu gostaria de trabalhar (ou ao menos sobre aqueles com quem sou obrigado a conviver...). O tipo ideal se resume em ser bom músico e boa gente. Como esta é uma situação raríssima (especialmente na minha querida cidade), devo ao menos esperar uma das duas virtudes citadas. Bom músico e má pessoa a gente faz um esforço e atura. Boa pessoa e mau músico a gente faz um esforço e atura. Nenhuma das duas coisas numa só pessoa? Impossível! Agora voltando às situações toleráveis (ou quase) gostaria de ressaltar a importância que dou a "forma" da música. Nada me tira mais do sério que o desrespeito à forma! Caraaaa!!! Erre tudo, erre as notas, erre a letra, erre o tom, mas em hipótese alguma erre a forma da música! Se for o caso, não custa nada anotar isso num papel, não é??? Estamos combinados assim???? Please?????????????