"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Captadores (parte 1)

Há um monte de guitarristas por aí que não fazem ideia do significado de termos como Série, Paralelo, inversão de fase, divisão de bobina (coil tap/cut/split), etc. Entender os conceitos de série/paralelo não só vai aumentar a sua biblioteca de timbres como também vai ajudar em outros departamentos como refazer as conexões de seu gabinete para diferentes valores de Ohms ou compreender melhor como o FX Loop do seu amp está misturando seus efeitos. Não é um assunto realmente complicado mas às vezes é difícil de encontrar respostas diretas na internet. Vamos começar com a forma mais comum de ligação encontrada em guitarras com 2 ou 3 captadores, em paralelo.

Pense nos circuitos paralelos como linhas de trem. Cada trilho é independente dos demais como o positivo e negativo num circuito. Voce pode pensar nos fios de fase e terra como pares, com o fio de saída indo para o seletor de captadores e o terra para um único ponto (geralmente a parte de trás dum potenciômetro de volume). Pra ter um ideia melhor disto, vamos pensar numa guitarra que não usa esta forma de ligação, como a de Brian May. Ele tem 3 single-coils ligados em série, parte do porque eles não soam como uma Strato.

Veja como a corrente, apesar dos on/offs e inversores de fase pelo caminho, ainda são a saída de um conectada na entrada do outro, como a conexão de pedais em série. Estes 2 métodos de ligação produzem timbres bastante distintos ainda que muito úteis. Não há certo ou errado e muitos preferem ter as duas opções de ligação para mais versatilidade ainda. Agora deixemos as analogias de lado e vamos ao que interessa, as diferenças de som. Pense no timbre da posição 2 (braço/meio) e 4 (meio/ponte) de uma Strato. Voce ouve um som estalado, de baixa saída, sem ruídos, timbre clássico de Strato (tá pensando em Sultans of Swing também?). Voce ouve 2 captadores com baixa impedância incidindo um no outro, atuando como uma espécie de filtro. Esta é a essência da ligação em paralelo e é o que dá a este timbre limpo todo o brilho. Por isso o timbre de Brian May não chega nem perto duma Fender. Seus captadores em série tem muito mais em comum com humbuckers.
Humbuckers são captadores de bobina dupla, cada bobina com polaridade e enrolamento invertidos, ligadas em série. Os timbres são mais escuros e a saída mais forte. Entretanto, humbuckings com 4 fios podem ser ligados também em paralelo para timbres mais brilhantes, estalados como nos singles. segundo a Seymour Duncan, humbuckers ligados em paralelo tem 30% menos saída que ligados em série. Além disso ele permanecerá cancelando o ruído devido a sua polaridade reversa. Voce teria basicamente o timbre de 2 single coils posicionados lado a lado.
Fonte: PGS Guitars.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pérolas aos Porcos


Achei que estava lendo o caderno de economia do jornal mas não, era o caderno de cultura mesmo!
Interessante que o título da matéria era "Bolsa de valores musicais", porém em momento algum consegui achar os tais valores musicais...somente os monetários...pois se o assunto é o tal do sertanejo universitário (que de sertanejo não tem nada, muito menos de universitário...), então estamos falando de finanças e não de arte...
Compartilho aqui a matéria para que tirem suas conclusões:

"Sertanejo universitário se transformou em um negócio milionário, enriquecendo músicos, produtores e empresários londrinenses"


"O sertanejo universitário é uma indústria poderosa e Londrina está bem no centro dessa produção. A cidade abriga o QG de artistas famosos e produtores musicais de referência nacional, como Orlando Baron, um dos responsáveis pelo meteórico sucesso do cantor Luan Santana. O londrinense é produtor ainda de Fernando & Sorocaba, este um dos maiores investidores de um mercado que conquistou a simpatia de grandes empresários que apostam nessa nova bolsa de valores.

Um negócio de milhões de reais em que alguns produtores musicais são cotados a preços superiores a R$ 40 mil para apenas uma produção. Mercado em alta também para músicos que acompanham duplas que despontam, faturando até R$ 10 mil mensais de cachê.

''Hoje, o sertanejo é uma empresa e ninguém está aqui para brincar de cantar. Atrai investidores que não têm nada a ver com o cenário musical. Como todo negócio de risco, existem os investidores que sabem ganhar dinheiro e outros não'', afirma Baron.

São empresários, como os do ramo da construção civil, que descobriram que investindo R$ 500 mil na gravação de 30 mil cópias de um CD promocional dá para construir rapidamente um novo sucesso.

Produtor musical londrinense, Márcio Alessandro Silva afirma que os empresários do sertanejo chegam a lucrar 25% do valor pago por show. Se o cachê for de R$ 100 mil, o investidor fatura R$ 25 mil. Levando-se em conta o número de apresentações realizadas por mês, quem investe no gênero está faturando, contabilizando também patrocínios e royalties.

Luan é um produto dessa indústria e de aposta em retorno rápido para investidores como o cantor Sorocaba que, além de centralizar o controle da carreira do ídolo de Campo Grande (MS) em Londrina, trouxe para a cidade a dupla curitibana Henrique & Diego.

O retorno do sucesso é investido no artista: a megaestrutura de Luan conta com duas carretas de equipamentos, ônibus e jatinho fretado para se deslocar de um show para o outro.

''Encaro o Sorocaba como um dos maiores empreendedores no mercado sertanejo. Ele acredita nas duplas. O Sorocaba tem parte tanto do Luan Santana, como do Henrique & Diego. Eu vou falar o que eu acho e confesso que sou ousado em dizer isso: o Luan será o novo Roberto Carlos do gênero sertanejo por ter atingido um público formado até por crianças e que vai crescer com o cantor. É aí que entra a produção e direção musical. Eu fiz o Luan totalmente pop music. Só não coloquei guitarra. O violão é que dá a cara do sertanejo'', revela Baron, que já está preparando os novos trabalhos de Luan e de Fernando & Sorocaba.

Baron fala com a propriedade de um profissional que até bem pouco tempo morava no Patrimônio Regina, distrito rural londrinense, e hoje viaja o Brasil inteiro, produzindo mais de 200 duplas sertanejas de médio porte.

Para enfrentar o mercado altamente competitivo e atingir um padrão de qualidade que o tornou, aos 33 anos, um dos fortes nomes do sertanejo, Baron produz os seus discos em estúdios de Londrina, mas também de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

''Faço todos os arranjos e produção a musical e dou uma força também para os artistas no mercado. Aconselho a quem quer investir, que procure duplas com condições de se tornarem um top de linha. Aí faz um trabalho de divulgação enorme. Não tem como não dar certo''.

Bom, já que meu colega de longa data Orlandinho fechou a matéria com chave de ouro, só me resta acrescentar que sou obrigado a concordar com ele...realmente não tem como não dar certo!

Da minha parte prefiro continuar na miséria de quem trabalha com música de verdade.