Li isto antes, na revista Veja, concordei em 100% com a opinião da Veja, e depois vi a reportagem no Fantástico, tratando do assunto como se fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, então postei aqui pois é um assunto de bastante interesse de nós guitarristas que usamos tantos equipamentos eletrônicos, em sua maioria importados:"Obrigar os brasileiros a seguir um novo padrão e trocar todas
             as tomadas da casa é uma intervenção estatal    absurda, inútil
 e dispendiosa. Deus nos livre dos comitês...
"Focinho de porco não é tomada", dizem os brasileiros               quando querem sinalizar que alguém se deixou enganar pelas aparências               e fez uma escolha errada. Agora, um comitê, e tem sempre um comitê                a abrigar especialistas em tudo, menos em bom senso, tirou dos brasileiros essa               frase. Uma comissão convocada pela Associação Brasileira               de Normas Técnicas (ABNT) decidiu que os brasileiros terão de               trocar todas as tomadas de suas casas para se adaptar ao novo padrão,               com três pinos. A nova tomada é uma espécie de jabuticaba               elétrica. Seu formato só existirá no Brasil. Isso não                é incomum. A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC)               criou na década de 80 um modelo de plugue e tomada para servir de padrão               mundial. Em vão. Não colou. Cada país tende a adotar um               padrão próprio. As razões para isso são, quase sempre,               as piores possíveis. Elas vão do nacionalismo ao gosto sádico               dos comitês de interferir na vida privada dos cidadãos.
            Há centenas de modelos de plugue e tomada, sendo os mais               comuns aqueles com pinos redondos ou retangulares (na vertical). Diante disso,               o Brasil decidiu contribuir para a confusão geral. A partir do início               do próximo ano, torna-se obrigatório em produtos fabricados por               aqui ou importados o uso de um padrão de plugues e tomadas diferente               de tudo aquilo que se utiliza no mundo. O plano da ABNT e do Inmetro (órgão               federal responsável pelo controle de qualidade industrial) é substituir               todos os terminais elétricos vendidos no país até julho               de 2011. Prevê-se que a completa adaptação das residências               ao novo padrão elétrico demore até duas décadas.
            De modo genérico, pode-se dizer que os pinos redondos são               preferidos nas regiões nas quais predomina o fornecimento de eletricidade               em 220 volts, como a Europa. O pino retangular é mais usado com a voltagem               110, daí sua popularidade na América do Norte. No Brasil, dependendo               da cidade, o fornecimento pode ser em 220 ou 110 volts, ou ambos. A variação               na voltagem decorre, basicamente, da decisão tomada pela empresa que               instalou a rede elétrica no passado. Estima-se que se possam encontrar               nas casas brasileiras por volta de quinze modelos de tomada. Há cerca               de trinta anos foi implantada no país a tomada popularmente conhecida               como "universal". Ela aceita tanto o pino redondo quanto o retangular               e tem a simpatia geral – mas não do comitê encarregado de               complicar a questão. "Não faltaram sugestões para               que a universal fosse adaptada às exigências de maior segurança               e se tornasse o padrão brasileiro", diz o engenheiro eletricista               Hilton Moreno, que acompanhou de perto o processo de mudança. Mas a ideia               foi rejeitada no comitê.
            O padrão brasileiro será de pino redondo, independentemente               da voltagem. Estima-se que 80% dos plugues usados no país sejam desse               tipo. Mas nem todos servirão nos furos da nova tomada, cujo tamanho varia               de acordo com a amperagem. Será necessário recorrer a um adaptador.               Porém é bom ser rápido, pois o Inmetro não quer               saber de facilitar a vida de ninguém e pretende proibir a venda de adaptadores               dentro de três anos. A necessidade de maior segurança é                o motivo alegado pela ABNT para a mudança da qual ninguém sentia               falta. Em teoria, alguém pode tocar nos pinos de uma tomada e tomar um               choque. Não há estatísticas sobre a frequência e               a gravidades desse tipo de incidente. Mas, como o novo sistema inclui um plugue               com terminal sextavado para ser encaixado numa tomada com concavidade, a possibilidade               de um choque, que já era pequena, se tornou ainda mais rara. Esse problema,               isoladamente, poderia ser resolvido apenas com a padronização               da concavidade nas tomadas do tipo "universal", ou em quaisquer outras               que fossem usadas por um grande número de países. Resolveria,               também, se o isolante que já existe em grande parte dos plugues               brasileiros (aquela capinha preta de plástico que vai até a metade               dos pinos metálicos) se tornasse obrigatório. Enfim, teria sido               possível resolver a questão da segurança sem a necessidade               de obrigar ao incômodo e dispendioso processo da troca por um modelo que               só existirá dentro das fronteiras nacionais. 
            Mas, se as coisas fossem assim tão fáceis e baratas,               para que um comitê? Coisas estranhas foram elucubradas por seus membros.               Uma delas é o plano de usar plugues e tomadas para mexer na balança               comercial brasileira. Ao criar um modelo nacional, o comitê entendeu que               isso seria uma forma de ampliar o mercado de eletroeletrônicos produzidos               no Brasil. "Essa mudança sem dúvida beneficiará as               empresas brasileiras", diz Alfredo Lobo, diretor de qualidade do Inmetro.                É uma ideia interessante: longe de ser confundida com focinho de porco,               a tomada jabuticaba deve ser vista como uma bandeira do protecionismo comercial.                É igualmente razoável imaginar o efeito contrário. "O               fato de os terminais elétricos brasileiros terem ficado diferentes dos               existentes no resto do mundo cria um problema que não existia",               diz o engenheiro eletricista Norberto Nery, do Instituto Mauá de Tecnologia.                "Agora os aparelhos importados precisarão seguir o padrão               brasileiro e os exportados precisarão ser adaptados às normas               estrangeiras." 
            A substituição de todos os tipos de tomada pelo               novo padrão acarretará transtornos homéricos na vida do               brasileiro. A nova tomada tem dois tamanhos, de acordo com a amperagem, que                é a quantidade de eletricidade que passa da instalação               elétrica para o aparelho. Os plugues e tomadas de 10 ampères,               menos potentes, têm o diâmetro de 4 milímetros, e os de 20               ampères, utilizados em aparelhos como micro-ondas, têm 4,8 milímetros.               A adaptação só será possível e realmente               segura se as redes elétricas das habitações passarem por               uma reforma completa e bem planejada. É preciso agora instalar a fiação               e tomadas específicas em locais estratégicos, onde já se               prevê a instalação de um equipamento eletroeletrônico            de consumo adequado para cada terminal. No final, sobrou para nós."