"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pete Cornish e o problema do true-bypass


A função do “true-bypass”, que é difundida por muitos, pode criar problemas terríveis num sistema que usa muitos pedais. Pegue por exemplo um cabo de guitarra de 5 metros ligado a 6 pedais, cada um deles ligado por um cabo de 60cm, e então ligados num amplificador por um cabo de 10 metros. Se todos os pedais têm “true-bypass”, e estão desligados, então o comprimento total de cabos até a saída da guitarra será de 18 metros. Isto vai causar uma perda de timbre e nível de sinal considerável particularmente se a guitarra for do tipo ‘vintage’ com baixa saída e alta impedância. O volume do amplificador é então aumentado e o controle de agudos também para compensar as perdas. O ruído de fundo inerente agora aumenta por causa da quantidade de ganho e o aumento nos agudos é geralmente muito ruim para um trabalho sério. Se um dos pedais é agora ligado, então sua alta impedância de entrada (e normalmente baixa impedância de saída) vai funcionar como um ‘buffer’ em todos os cabos de saída da guitarra e o nível de sinal vai aumentar por causa da remoção de parte da ‘carga’ (load) nos captadores (5,60 metros em vez de 18 metros). Os agudos irão aumentar e o timbre e o volume não serão como antes. Se esse pedal for um chorus ou delay, que geralmente são ‘unity gain’ (não alteram o ganho original do sinal), então seu nível de sinal e timbre geral irá variar cada vez que um efeito é adicionado...uma idéia não muito boa.
Alguns pedais têm uma impedância de entrada que é longe de ser alta em termos reais; a impedância de entrada da vasta maioria dos amplificadores é 1 Megaohm (1 milhão de ohms) e existem muitos pedais de efeito que têm a mesma impedância de entrada. Uma carga (load) na guitarra de menos que 1 Megaohm vai reduzir o volume e a quantidade de freqüências altas do sinal dos captadores dando impressões como “este pedal suga meu timbre/volume” etc. Muitos efeitos têm uma impedância de entrada menor que 100 Kilo-ohms (apenas 0,1 da impedância de entrada do amplificador) e causam sérias perdas de sinal na cadeia de efeitos.
Meu sistema, que desenvolvi no inicio dos anos 70, alimenta a guitarra com uma carga (load) de impedância de entrada fixa, que é idêntica a entrada do amplificador, e então distribui o sinal aos vários efeitos e amplificadores por meio de ‘buffers’ de baixa impedância. Isto dá um nível de sinal e características tonais constantes, que não se alteram quando efeitos são adicionados. A prova que isto funciona está nas gravações de nossos clientes: Roxy Music; The Police; Queen; Pink Floyd; Bryan Adams; Paul McCartney; Sting; Jimmy Page; Judas Priest; Black Sabbath...
Por isso, não uso “true-bypass” nos meus pedalboards/racks, o que degradaria o som. Todos os meus pedais de efeito que são derivados de vários sistemas que já montamos, têm como entrada um pré-amp simples que tem as mesmas características da entrada de um amplificador (1 Megaohm/20pF), um filtro altamente eficiente para eliminar a possibilidade de interferência de rádio e uma impedância de saída baixa de modo que qualquer cabo/pedal subsequente não vai impor uma carga (load) no sinal da guitarra. Este pré-amp é instalado em todos os nossos grandes sistemas de palco e têm contado sempre com grande aprovação; não apenas do guitarrista, mas também do operador de P. A. que fica feliz em ter um volume e timbre constantes na sua mesa de som. Fui mais longe com grandes sistemas com várias entradas (inputs), cada uma com um pré-amp isolante e um pré-amp de compensação de ganho de forma que muitas guitarras diferentes podem ser usadas com mesmo volume dentro do sistema. Em adição, um mostrador (display) do tipo PPM com 20 segmentos proporciona uma indicação visual do nível de sinal em nossos pedalboards e sistemas em rack.
Texto: Pete Cornish
Tradução e adaptação: Osmani Jr.

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