"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Amplificadores! (parte 1)

O que é amplificador?

A guitarra depende de amplificação para aumentar o sinal gerado pelos captadores. O amp. usa energia elétrica fornecida por uma fonte externa, empregando a voltagem do sinal originado na guitarra para transmitir aquela energia ao alto-falante. Amplificadores operam de três maneiras: com válvulas, transistores e circuitos digitais. Os processos e as características do som amplificado são diferentes em cada caso.

Gabinete:

Combos – Também conhecidos no Brasil como ‘cubos’, os combos apresentam chassi e alto-falantes no mesmo gabinete. A maior vantagem é serem compactos e portáteis. Sua maior deficiência é o baixo rendimento em freqüências graves. São muito usados em gravações, mas podem também ser empregados em shows.

Cabeçotes – São amplificadores sem os alto-falantes no mesmo gabinete.

Stacks – É a combinação do cabeçote com duas caixas, colocadas uma sobre a outra. A vantagem dos stacks são melhores graves, maior possibilidade de potência total dos alto-falantes e maior dispersão sonora. Suas desvantagens são o peso e a dificuldade de transporte.

Half-stacks – Costuma-se também usar o cabeçote com apenas uma caixa.

Controles:

Há basicamente dois tipos de amplificadores para guitarra: os de estilo antigo e os modernos. “Estilo antigo” refere-se àqueles que possuem apenas um canal e não têm volume-master. Possuem baixo ganho e só conseguem boa saturação quando em volumes altos.

Já os amps de estilo moderno, além de terem controles de ganho e volume-master, oferecem ganho alto, altas doses de distorção, mesmo em volumes baixos, e alguns efeitos embutidos.

O que é canal? – São estágios de pré-amplificação que possuem controles independentes de graves, médios, agudos, e volume. Cada canal pode ser ajustado com um timbre diferente e, assim, torna-se possível mudar rapidamente de um som para outro, por meio de chaves ou footswitch. Os amps modernos costumam oferecer dois ou mais canais.

O que é volume-master? – É um controle global de volume. A vantagem de termos controles de ganho e volume-master são evidentes. Quando queremos um som limpo, devemos colocar o ganho em um nível baixo e controlar o volume final com o botão de volume-master. Por outro lado, se queremos um som mais sujo, mas com o mesmo volume anterior, colocamos o ganho em um nível alto e o volume-master em um nível menor do que o ajuste anterior. O volume-master equilibra o som.

Chave de potência – Alguns amps, na maioria valvulados, possuem uma chave de potência que serve para diminuir a potência do amplificador – por exemplo, de 100W para 50W. Quando o guitarrista vai tocar em um lugar grande, o amp pode ser ajustado para 100W, e num lugar pequeno, para 50W.

Controle de presença – Realça os harmônicos de freqüências médias ou agudas.

Chave de brilho – Semelhante ao controle de presença, dá ênfase aos agudos.

Contour – É um controle de acentuação e atenuação de médios. Age de forma mais radical do que um controle de médios normal. Costuma vir no canal sujo, para produzir timbres distorcidos mais agressivos.

Válvulas ou transistores?

A principal diferença entre válvula e transistor é a forma de transferência interna do sinal. Na válvula, este sinal é enviado por meio de um gás e, no transistor, por intermédio de um material semicondutor sólido – por isso amplificadores transistorizados são chamados de solid-state. Veja quais são os prós e contras dos amps valvulados, comparando-os com os transistorizados:

Prós:

·A transição entre som limpo e distorcido é mais suave do que nos aparelhos transistorizados.

·Apresentam maior faixa dinâmica, já que a válvula demora mais para entrar em distorção e comprime gradativamente o som. O transistor responde de forma brusca.

·A distorção natural das válvulas é mais bonita e musical porque, ao distorcer, elas geram apenas os harmônicos pares, enquanto os transistores produzem todas as ordens de harmônicos.

Contras:

·As válvulas devem ser substituídas com freqüência, pois sofrem desgastes. Além disso, são muito mais caras do que os transistores.

·São equipamentos mais suscetíveis a ruídos e microfonias.

·Os amps valvulados são pesados, pois possuem transformadores de força maiores e um transformador de saída.

·São mais frágeis porque as válvulas não suportam impactos.

·O custo é mais alto, tanto para aquisição quanto para manutenção.

Equipamento em rack:

Os sistemas de rack apresentam módulos separados de potência, pré-amplificação e periféricos. O formato em rack possibilita a utilização de marcas e sons diferentes, ampliando as possibilidades sonoras. É um sistema prático para shows e gravações, pois podem ser controlados por uma pedaleira MIDI.

Amplificadores híbridos:

Amplificadores híbridos são aqueles que misturam válvulas com transistores em seus circuitos. Aliam as vantagens das duas tecnologias e possuem um preço menor que um amp totalmente valvulado.

Power valvulado e pré-amp transistorizado – O pré-amp transistorizado permite recursos e ganhos maiores a um custo menor. A potência valvulada é ideal para distorções e compressões vintage. A desvantagem da distorção do power é que ela só ocorre em volumes altos. Esse problema é contornado distorcendo os sinal no pré. Como o pré-amp é transistorizado, obtemos uma distorção típica dos pedais e perde-se muito do som valvulado.

Power transistorizado e pré-amp valvulado – O pré-amp valvulado preserva o timbre característico das válvulas. A potência transistorizada amplifica sem alterar o som do pré. Porém, ao contrário do power valvulado, o som não fica bom em volumes altos, porque a distorção dos transistores não tem boa qualidade. Contorna-se essa dificuldade produzindo a distorção nas válvulas do pré-amp e aumentando a potência do power, para que seja possível utiliza-lo abaixo do limiar da distorção dos transistores.

Power transistorizado e pré-amp híbrido – Chamamos de pré-amps híbridos aqueles que utilizam uma válvula para o canal sujo e transistores para o canal limpo. É a forma mais barata de produzir um som com tempero vintage.

Potência – Saída:

O power, ou potência é o circuito responsável pela amplificação final do som – sua função é entregar o sinal de áudio amplificado ao(s) falante(s). A potência de saída é dada em watts RMS – Root Mean Squared. Quanto maior este valor, maior a potência do power. Ele pode ser valvulado, transistorizado ou híbrido.

Pré-Amp:

O pré-amplificaor, como o nome indica, é o circuito usado antes do power. Ele é responsável pela amplificação do sinal do instrumento para o power. O pré discrimina o que é grave, médio, agudo e volume. Também pode ser transistorizado, valvulado ou híbrido.

Transformador de força:

O transformador de força é o componente responsável pelo fornecimento das voltagens necessárias aos diversos estágios do amplificador. Ele pode ser um componente diminuidor de tensão em amps transistorizados. Para os valvulados, o transformador de força abaixa a tensão para acender os filamentos das válvulas e eleva a tensão para que elas funcionem. Muitos amplificadores possuem uma chave seletora manual para escolher a voltagem necessária; em alguns amps esse chaveamento é automático.

Transformador de saída:

Os amplificadores valvulados necessitam do transformador de saída. Ele é necessário para efetuar o casamento de impedância entre as válvulas de saída e os alto-falantes. A impedância das válvulas é alta, normalmente entre 5 e 100 K-ohms, e os alto-falantes possuem impedância de 4, 8, 16 ou 32 ohms – sendo os mais comuns 4 ou 8 ohms.

O transformador de saída tem uma resposta não linear, gerando modificações no timbre. Assim, são responsáveis também pelas diferenças sonoras entre amplificadores valvulados e transistorizados.

Classes de amplificação:

Em amps de potência existem formas diferentes de polarizar as válvulas ou transistores, denominadas classes de amplificação. As mais comuns são: classe A, classe B, e classe AB.

Classe A – Nesta classe, a corrente elétrica circula plenamente pelas válvulas ou transistores. Devido ao seu baixo rendimento, não se costuma usar esta classe acima dos 30 ou 35 watts.

Classe B – Os elementos amplificadores de saída, sempre em número par, funcionam de forma alternada – quando um deles conduz corrente elétrica o outro é desligado. Em classe B, a eficiência máxima da amplificação é maior do que na classe A, ou seja, desenvolvem maior potência com o mesmo número de válvulas ou transistores. A classe B é rara em amplificação para guitarra.

Classe AB – A classe AB é intermediária as A e B. Com uma pequena polarização nos elementos de saída obtém-se um alto rendimento, próximo da classe B, e boa linearidade (baixa distorção), como na classe A. É a classe mais utilizada nos amplificadores de guitarra.

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