"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Amplificadores! (parte 2)

Válvulas de pré-amplificador:

As válvulas usadas nos pré-amps dos aparelhos para guitarra são as mesmas em todas as marcas do mercado. Isso se deve às características de alto ganho e baixa distorção destas válvulas. São ótimas para uso em som limpo e distorcido e excelentes para compressores de áudio e som em geral.

Entre as válvulas de pré-amplificação, a mais conhecida é a 12AX7, conhecida na Europa como ECC83. Ela possui alto ganho e é formada por duas válvulas de triodo em um mesmo invólucro, sendo assim chamada de duplo triodo.

Quando queremos menor ganho ou som mais limpo, podemos usar a 12AT7, ou ECC81. Com ganho menor que a 12AT7, a 12AU7 e ECC82 também são muito utilizadas. Mais raro são as válvulas 12AV7 e 12AY7, que oferecem um ganho entre a 12AU7 e a 12AT7.

Phillips 12AX7 – Possuem ótimos graves, médios potentes e agudos claros. Distorcem quando saturadas e ficam um pouco agudas após um certo ponto, mas você pode controlar a agressividade com o botão de tonalidade da guitarra.

RCA 12AX7 – Tem um som equivalente ao da RCA 5751, mas distorce com mais facilidade. É um som de alta fidelidade.

RCA 5751 – Equivalente à 12AX7, foi criada para obter maior precisão nos componentes internos e ser mais resistente a quedas, variações de pressão e outras eventualidades (no uso militar). Seu som é de alta qualidade e fidelidade. Quando saturada, pode-se distinguir as notas dos acordes.

Tesla ECC83 – Possui uma saturação forte nos agudos, além de médios com pouca distorção e poucos graves.

Sovtek 7025 – Ganho muito alto, distorcendo com facilidade. Indicadas para envenenar pré-amps.

Siemens ECC83 – Saturam muito. Possuem um som com muita distorção, mas não são agressivas, embolando as notas do acorde. Tem muito médio e pouco agudo. Boas para solos.

Válvulas de Potência:

6L6GC – As 6L6GC são válvulas de som agudo e médio-agudo. A empresa russa Svetlana continua fabricando essas válvulas. As 6L6 foram muito usadas pela Fender. O par fornece cerca de 50 watts em classe AB.

EL34 – A Marshall começou a usar as EL34 porque as 6L6 americanas que a Fender empregava eram muito caras na Inglaterra. A EL34 é uma válvula de som agudo e a principal responsável pelo som de Jimi Hendrix. A Svetlana EL34 equipa os Marshall e outros bons amplificadores, pois agüentam alta tensão. A potência é semelhante à das 6L6. As EL34 caracterizam o “som Marshall”.

5881 – A Sovtek fabrica as 5881, válvulas de som tipicamente médio que comprime com muita facilidade. Equipa alguns modelos da Fender, Mesa Boogie e outros amplificadores modernos. A 5881 da Tung-Sol oferece ótima sonoridade. Um amplificador equipado com essa válvula fica com um som bem ‘Stevie Ray Vaughan’. Ela possui muita compressão e som bastante claro.

6550 – Esse modelo de válvula é um dos mais potentes do mercado. É uma evolução da 6L6, tem mais volume e suporta mais voltagem. Seu som é brilhante, cheio, pouco distorcido e com muita dinâmica. Comprime pouco. É uma ótima opção para quem quer som claro e definido.

KT66 – Outra evolução da 6L6, a KT66 é uma válvula de pouca distorção e bastante linearidade. Possui um som bem limpo, menos brilhante e mais arredondado do que a 6L6. É rara e cara. É a versão inglesa da 6L6 americana.

KT88 – Essa evolução da 6550 apresenta som gordo e brilhante. A Sovtek KT88 é muito semelhante a RCA 6550.

KT77 – Baseada na EL34, oferece melhor resposta de freqüência e distorce menos do que a sua inspiradora.

6V6 – Possui som médio com bastante compressão. O Fender Princeton e Champ eram produzidos com essa válvula de baixa potência – o par oferece, no máximo, 30 watts em classe AB.

EL84 – Válvula de baixa potência utilizada nos Vox AC30. Fornece cerca de 8 watts cada uma em classe A e se assemelham ao timbre da EL34.

Retificadores:

Os amplificadores, assim como quase todos os aparelhos eletrônicos, funcionam com corrente contínua e corrente alternada. A corrente contínua possui uma polaridade fixa – é a fornecida por pilhas ou baterias.

Quando ligamos o aparelho à tomada de rede elétrica, que fornece energia em corrente alternada, devemos transforma-la em corrente contínua dentro do aparelho para alimentar seus circuitos. Essa transformação é realizada pelo retificador – alguns modelos possuem mais de um.

Nos aparelhos valvulados mais antigos ou em suas reedições, usava-se um único retificador. Após a invenção do diodo, um retificador menor, mais eficiente e mais barato, a válvula retificadora caiu em desuso. Costuma-se usar um ou mais diodos para retificação.

Existem algumas diferenças entre o amp equipado com válvulas retificadoras e o timbre de aparelhos com diodos. Para seu funcionamento, as válvulas retificadoras usam parte da energia fornecida pela fonte do amplificador. Já o diodo não usa energia e custa mais barato. Com válvula retificadora, o som do amp fica mais macio, enquanto os diodos produzem uma sonoridade mais seca.

Válvulas retificadorasExistem vários tipos de retificadoras e, em alguns casos, um técnico pode substituí-las por modelos diferentes para mudar o som do amp. Aqui estão as mais comuns:

5Y3GT – Usada em amps pequenos, como o Fender Champ e Tweed Deluxe. É uma retificadora dupla, ou seja, duas válvulas retificadoras dentro do mesmo invólucro. Puxa uma boa corrente da fonte, amaciando bastante o som.

5U4GB – Muito usada em antigos Fender Tweed e Silverface. É uma retificadora dupla. O consumo de corrente de seu filamento é alto e, em caso de usa-la em substituição a outro tipo de válvula, deve-se verificar se o transformador de força pode suporta-la.

GZ34 (5AR4) – É uma retificadora dupla. Sem dúvida, a mais conhecida e usada. Os Fender Tweed Bassman e Twin são exemplos de amps que empregam a GZ34. Por consumir menos energia da fonte, fornece maior voltagem de saída e, por isso, não devem substituir outras válvulas, sob pena de danificar componentes do amp.

Alto-falantes:

Potência – Quando substituímos um alto-falante por dois ou mais, podemos dividir as potências de cada um para economizar no preço. Divide-se a potência total do falante a ser substituído por todos os novos falantes, mas é preciso respeitar as impedâncias. Por exemplo, um falante de 100 watts por um par de 50 watts cada, ligados em série ou paralelo, ou ainda por dois pares de 25 watts cada ligados em paralelo.

Impedância – Os amplificadores devem ser ligados aos seus alto-falantes respeitando-se as suas impedânicas – em geral 4, 8 ou 16 ohms. Não devemos ligar amplificadores valvulados sem os seus alto-falantes, porque isso danifica as válvulas de saída. Os amps transistorizados são menos sensíveis a esse problema, mas é de bom senso evitar essa prática.

Não podemos conectar alto-falantes de impedância inferior ao indicado no amp, sob pena de danificar o aparelho e o próprio falante. O uso de alto-falante de impedância maior do que o recomendado no amp resulta apenas em perda de potência. Exemplos:

· Dois falantes de 4 ohms cada ligados em série na saída de 8 ohms do amp;

· Dois falantes de 8 ohms cada ligados em série na saída de 16 ohms do amp;

· Dois falantes de 8 ohms cada ligados em paralelo na saída de 4 ohms do amp;

· Dois pares de falantes de 8 ohms cada ligados em paralelo na saída de 8 ohms do amp;

· Dois pares de falantes de 4 ohms cada ligados em paralelo na saída de 4 ohms do amp;

Cuidados e modificações:

Precauções – Os amplificadores valvulados necessitam de um tempo de aquecimento para entrarem em seu funcionamento normal. Muitos amplificadores possuem dois interruptores: o Master liga ou desliga o aparelho e o Stand byStand by deve ser ligado alguns minutos após o acionamento da chave Master. desliga as altas voltagens das válvulas, mas mantém ligados os filamentos em baixa voltagem. Para evitar danos aos capacitores da fonte de alimentação, o

Os amplificadores transistorizados funcionam imediatamente depois de ligados, não precisam de tempo para aquecer. Porém, a carga inicial de eletricidade que entra nos circuitos do aparelho causa um ruído sutil nos alto-falantes. Além de desagradável, no caso dos amplificadores de alta potência pode até danificar os falantes. Muitos modelos possuem um circuito automático que aciona os alto-falantes apenas alguns segundos depois do amp ser ligado. Quando o aparelho não possui esse sistema, é aconselhável abaixar todo o volume antes de liga-lo. Existem unidades que produzem um estalo quando desligadas. Nesse caso, convém diminuir os potenciômetros de volume geral e de volume do reverb.

Dicas de ajustes e transformações – Os amplificadores são configurados na fábrica para fornecer timbre e ganho característicos de sua marca. Quando não estamos satisfeitos com o timbre ou ganho de um amplificador e queremos modifica-lo em vez de substituí-lo, as alterações mais comuns são:

Mudança de timbre – O técnico faz alterações no circuito de tonalidade do amp. As mais simples são feitas pela substituição de valores de resistores, capacitores e potenciômetros. As mais complexas implicam também alterações no circuito.

Alterações de ganho – Mudanças de ganho no aparelho são interessantes, tanto para mais quanto para menos. Ganhos baixos são úteis quando se busca som limpo e timbre vintage. Ganhos altos proporcionam mais volume, drive, compressão e sensibilidade dinâmica. Os amplificadores modernos tendem a ser de alto ganho, para sons de alta distorção. Essas alterações também chamadas de ‘envenenamento’, são feitas por meio de mudança de componentes ou no circuito elétrico ou inclusão de válvula adicional.

Bias – Amps valvulados possuem o ajuste de bias, que deve ser efetuado por um técnico especializado. Esta regulagem deve ser feita toda vez que trocamos as válvulas de saída do aparelho. O que poucos sabem é que esse ajuste pode ser realizado até certos limites. O bias alto tende a aumentar a compressão, o calor e a potência do som. Por outro lado, regulagens altas demais diminuem a vida útil das válvulas. Ajustes baixos de bias costumam alimentar a distorção cruzada, uma distorção em excesso que é perceptível e desagradável. A vantagem é que as válvulas aquecem menos e duram mais.

Troca de válvulas de saída – Quando uma ou mais válvulas de saída precisam ser substituídas, será necessário também trocar todas as outras do aparelho. Esse procedimento garante que todas as válvulas possuam as mesmas características, ou seja, estejam “casadas”. Esse cuidado, apesar de caro, é essencial, já quer uma ou mais válvulas com características diferentes causam desequilíbrio na etapa de saída do amplificador, danificando as válvulas. Não basta comprar as válvulas com o mesmo código e fabricante, é necessário adquirir pares casados. Trocar válvulas não é como trocar lâmpadas. Leve a um técnico especialista para que ele confira o consumo de corrente elétrica de cada uma separadamente e corrija as diferenças.

4 comentários:

  1. Olá! Gostei muito dos seus esclarecimentos. Queria te fazer uma pergunta. Tenho um Crate Vintage Club 30 e nunca fui satisfgeito com o timbre dele, mas como tem muito ganho e uma ótima resposta, que creio seja pela excelente construção de seu gabinete, estou me segurando para me desfazer dele. Então me disseram que se eu trocasse 1 válvula do pré (ele usa 4 12ax7) por uma 12at7, que eu teria uma significativa melhora no timbre. Apenas atentasse para em que posição eu colocasse a válvula. Isso é real? Uma 12at7 vai melhorar meu timbre e aveluda-lo?
    Obrigado
    Alex.

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  2. Olá! Obrigado pelo comentário! Eu já tive esse Crate e gostei demais dele, em especial o drive...acho que essa modificação realmente vai amaciar o timbre, se não me engano é o que acontece nos Bassman, mas não tenho certeza. Já ouvi alguma coisa sobre colocar 12at7 pra obter isso que vc deseja. O ideal seria experimentar e ver se gosta...

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  3. Ops...valeu Osmani. Obrigado pelo retorno. Li uma vez numa guitar player americana, em um teste do Vtwin...aquele pedal valvulado mesa boogie, que o cara trocava as valvulas pelas at7 e que assim atuava no timbre tb. Já botei no Crate 4 (rs) 12AU7...o timbre ficou legal, mas o volume caiu totalmente...depois fiquei sabendo q essas válvulas são boas pra reverber.
    Vou fazer o teste com a At7. Grande abraço!

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  4. Muito bom! Me ajudou muito.
    Possuo uma dúvida, troquei as válvulas de potência do meu meteoro cristalino, porém ele está com menos ganho do que tinha antes e a distorção está com um som muito "abelhudo". Obs: As válvulas novas são do mesmo modelo que as originais.
    Imagino que isso pode estar acontecendo devido a regulagem baixa de Bias. Estou certo?

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