"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

terça-feira, 31 de março de 2009

Por que a maioria dos profissionais não usa multi-efeitos?


As chances de você ver um pedal de multi-efeitos nos pés do guitarrista da sua banda favorita são mínimas. Profissionais costumam preferir sistemas feitos sob encomenda ou pedaleiras com um monte de diferentes pedais – mesmo que unidades de multi-efeitos de fabricantes como Boss, Digitech, Korg, Zoom, Rocktron e Peavey possuam muitas vantagens. Esses equipamentos portáteis acabariam com várias preocupações de guitarristas, como conectar cabos entre pedais individuais, lidar com velcro, incompatibilidade de um pedal com uma fonte de múltiplas saídas e todos os desafios de montar uma pedaleira viável. Além disso, oferecem uma dúzia ou mais de efeitos – geralmente pelo preço de três ou quatro pedais – e cadeias de sinal programáveis. Por que então profissionais quase não utilizam multi-efeitos?

O principal motivo talvez seja o fato de guitarristas serem individualistas. Por exemplo, você pode gostar de alguns pedais Boss, mas aposto que gostaria de combiná-los com alguns Digitech, MXR e efeitos de boutique. Há também a questão da programabilidade versus ajustabilidade. Os multi-efeitos permitem ir instantaneamente de um som limpo com wah/chorus/delay para um timbre distorcido com oitavador/flanger/tremolo, mas, se você achar que os seus reverbs estão molhados demais para o local aonde você vai tocar, reprogramar tudo entre a passagem de som e o show pode ser um problema.

A dificuldade para realizar reparos rápidos também é um problema para alguns profissionais. “Comprei uma unidade de multi-efeitos Boss ME-5 para a primeira turnê com Cassandra Wilson que eu fiz”, diz Kevin Breit, que também tocou com Norah Jones. “Era ótimo para simular algumas das coisas que executei em seu álbum New Moon Daughter, de 1996, mas se a ME-5 quebrasse, eu seria obrigado a ligar direto ao amp, e isso significava nenhum efeito. Em uma pedaleira com vários pedais individuais, você pode substituir um cabo com problema ou apenas fazer um show sem o pedal que quebrou. Minha atual pedaleira começa com um afinador Boss e uma A/B Box Radial Switchbone. A cadeia ‘A’ é um envelope filter DOD e dois Ibanez EM5 Echo Machines. A cadeia ‘B’ inclui dois loopers Boomerang, um Electro-Harmonix POG, um pedal de volume Ernieball e pedais Moogerfooger FreqBox, Ring Modulator, Analog Delay e MorRF”.

Há sidemen veteranos como Gerry Leonard (David Bowie, Duncan Sheik, Rufus Wainwright), que utilizam ambas as opções. “Tenho um Boss ME-30 que é ótimo para viagens rápidas, performances em estações de rádio, shows pequenos e até algumas gravações”, conta. “Eu o comprei porque ele pode funcionar com baterias, e os peais da Boss são muito confiáveis. Tentei programar o ME-30 para soar como os pedais Boss individuais de que gosto, como o compressor, o overdrive e o delay. A pedaleira faz até mesmo loops básicos. Um dos grandes problemas com os multi-efeitos, no entanto, é que os presets são geralmente horríveis. Eles são com fast food – salgadas e boas durante três minutos, mas depois você enjoa. Você tende a perder um pouco de definição e atmosfera ao redor do seu som, então é uma boa idéia variar entre suas programações de multi-efeitos e seus pedais individuais, para obter um pouco de perspectiva. Em shows grandes uso um sistema de chaveamento Digital Music Corp. GCX, um TC Electronic G-Force e vários peais analógicos escolhidos de acordo com as necessidades sonoras da apresentação. Este sistema me dá um som matador e bastante flexível, com bypass verdadeiro em todos os efeitos e até mesmo chaveamento de canais do amp”.

Gosto pessoal, dinheiro e necessidades musicais e ergonômicas tendem a dirigir a escolha das ferramentas. Muitas unidades de multi-efeitos certamente são flexíveis e robustas o suficiente para aplicações em turnês profissionais, portanto, o desejo de combinar a seu gosto uma coleção de opções sonoras bastante diferentes é provavelmente o fator principal que afasta os profissionais de utilizarem uma pedaleira integrada Boss, Digitech ou Rocktron no palco.

Michael Ross – Guitar Player americana.



Nenhum comentário:

Postar um comentário