"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Reverb??? Tô Fora!!!



Reverb é aquela ferramenta mágica que pode fazer uma guitarra seca e sem timbre soar como algo tocado por um anjo numa imensa catedral. É a ferramenta de todo produtor pra fazer a música soar ao vivo num disco. Ainda assim, pode ser o efeito que assassina seu timbre e faz todo o esforço de produzir o melhor timbre do mundo parecer uma completa perda de tempo. Este é um assunto que geralmente causa muito debate.

Detalhes técnicos
Reverb, ou reverberação, é essencialmente muitos ecos com tempos e durações diferentes que se realimentam um sobre o outro. Este “caos” cria ambiência ou reverb. Quanto maior o local, mais reverb.
Há principalmente dois diferentes tipos de reverb, de mola e digital. De mola é normalmente usado em amps. A mola tem um ‘transducer’ numa extremidade que converte o sinal em vibrações que reverberam nas molas e são convertidas de volta em sinal elétrico. Se seu amp tem molas, você pode balançar ele fortemente e ouvi-las ‘se chocando’ dentro, um efeito legal usado por muitos guitarristas famosos!
Reverb digital é basicamente uma simulação das molas, criando um tipo mais preciso de reverb. Ainda que reverbs baratos falhem em criar um som suficientemente bom. Os mais caros têm softwares que simulam cuidadosamente típicas salas, o espaço, a absorção, etc.
Usando Reverb
Reverb é usado na maioria dos discos pra criar um som mais cheio, tornando-o mais ao vivo. Também usado geralmente pra ‘esconder’ vocais desafinados ou guitarras que machucam os ouvidos! (Assista o documentário da BBC sobre a gravação do “Darkside of the Moon” do Pink Floyd pra ver como ele foi usado nas guitarras de David Gilmour). O efeito é bem dramático. Quase toda gravação (ou álbum) teria soado extremamente apagada sem reverb.
Há basicamente duas maneiras de adicionar reverb numa gravação. A mais comum é usando processadores de estúdio com o efeito digital. Desta forma você consegue atingir quase qualquer efeito desejado. A outra, talvez mais excitante, é usando a ambiência da sala de gravação. Mixando a guitarra, você pode adicionar um segundo (ou vários) microfone a distancia do amp. Este microfone irá captar o reverb natural da sala e quando você mistura esses canais você consegue alguns sons bem legais. (outro exemplo ‘pinkfloydiano’ disto é a gravação de “Sorrow” do álbum “A momentary lapse of reason”).
Quando você está num show, notará que o som tem bastante reverb. Esta é a ambiência natural do local. Um local pequeno, como um bar, fará a banda soar mais seca e ‘na sua cara’ enquanto que num estádio ou ginásio você ouvirá um som poderoso com todos os instrumentos soando macios e balanceados. Não importa o quanto grande é a sala, é quase certo que guitarras e bateria (ao menos) não tenham reverb adicional na mixagem. E é aí que o debate começa...
Sem reverb!
Guitarristas que começaram a tocar agora ou apenas tocam em casa dizem que precisam usar reverb senão o som fica muito seco. Vamos entender porque o reverb pode ser ruim pro seu timbre. Tomemos isso como regra, você não deveria usar reverb a menos que esteja usando como um efeito!
Quando você pluga sua guitarra direto no canal limpo do amp, você ouvirá o sinal direto da guitarra, levemente colorido pelo amp. Quando tocar ao vivo, este setup deverá ser sempre sua base, sua refêrencia. Você ouvirá toda nuance de seu amp, dos captadores de sua guitarra, e da sua palhetada. Quando você adiciona efeitos, estes irão colorir o timbre básico e adicionar novas dimensões ao seu som, o que vai afetar o seu modo de tocar e como seu amp soa. Quando você toca ao vivo, não importa o quanto grande é o palco ou o local, seu som irá ecoar através da sala e reverberar naturalmente. Na verdade, quando você colocar reverb de mola ou digital você estará colocando reverb sobre reverb! O que foi naturalmente misturado com a ambiência da sala ficará encharcado de reverb. Isso é mortal, e ninguém vai ouvir aquele seu timbre fantástico obtido nos ensaios!
Deve ser realmente frustrante sentar em casa e tocar sem reverb, como se tivesse dentro do banheiro. Apenas recomendo a você se forçar a fazer isso. Desligue o reverb e aprecie o timbre limpo, a característica de seus efeitos e a dinâmica do seu tocar.
Delay
Use o delay pra criar texturas sonoras e um timbre mais espacial. Quando tocar ritmo basicamente, você deve deixar o delay bem suave. Isto também ajuda a amaciar overdrives ásperos. Quando você tocar solos, você pode adicionar um pouco mais. Isto é muito mais efetivo para criar um som grande e você não perderá as pequenas nuances do seu timbre. Como sempre, devo ressaltar que o mais importante é criar um timbre que você goste. Se isso for feito com toneladas de reverb dentro duma máquina de lavar, então vá em frente!
Ainda assim, é válido experimentar diferentes soluções e caminhos pra regular seu equipamento. Uma coisa de cada vez, você deveria desconectar tudo e começar do zero. Talvez você descubra alguma coisa nova e excitante!

Fonte: Gilmourish.com
Tradução e adaptação: Osmani Jr.


7 comentários:

  1. Cara, muito bons seus artigos, excelentes mesmo. Escreve de forma clara e agradável. Parabéns pelos os textos e continue escrevendo!

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  2. Muito bem dito.
    é bom ler coisas bem escritas, por quem testou e conhece o assunto, o equipamento, a prática.

    Abraço

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  3. Olá Osmani.
    Estou adorando ler as matérias de seu blog. Realmente, você explica tudo direitinho, com as palavras certas e de maneira de fácil compreensão.
    Como sou iniciante no ramo, ainda tenho muuuiitoo o que aprender sobre guitarras. E ler suas matérias realmente está me empolgando!! Parabéns pelo seu trabalho e continue assim!!
    Beijos.

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  4. O texto é, na verdade, uma tradução do artigo postado por Bjorn, em seu site Gilmourish. Segue o link: http://www.gilmourish.com/?page_id=806

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    1. Exatamente Regis! Se não citei esta fonte com certeza foi falha minha...em tempos de internet globalizada, Google e tantas fontes de info seria muita pretensão querer dizer algo inédito sobre um assunto tão batido e discutido na net...este artigo do Bjork vem atestar uma opinião que mantenho desde 1989! Obrigado pelo comentário !

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  5. Assunto discutido, sim, mas cheio de controvérsias. Daí porque te faço algumas perguntas: e você, pessoalmente, usa ou não reverb? E se usa, em quais níveis utiliza o pre-delay, decay e density? Como utilizar o delay (ou delays) para obter um som bem amplo e profundo, como Gilmour?
    Abraço

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    1. Com certeza...eu não uso, nunca usei, a não ser em gravações de estúdio, mas isso sempre ficou por conta do engenheiro de som...pedal ou rack nunca tive, mas já tive no amp (de molas), e sempre achei difícil de se usar ao vivo...agora, sou favorável ao uso do reverb como um efeito, tirando proveito disso, como o Nels Cline, por exemplo...já delays, uso 2 há bastante tempo...seguindo quase sempre a regra usada pelo The Edge, um com tempo ultra curto, quase imperceptível, e daí parecendo com reverberação, e outro com tempos variados dependendo do caso...no caso do Gilmour, acredito que se usado em estéreo, com 2 amps, já faria muita diferença e daria uma ideia parecida a dele...

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