"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Legado de 40 anos da Les Paul de Jimmy Page


1969 foi um ano memorável pro rock 'n'roll. Além de Woodstock, foi o ano de "Kick Out the Jams" do MC5, The Stooges, "Let It Bleed" dos Stones, "Hat Hats" do Zappa, "Then Play On" do Fleetwood Mac, "In the Court of the Crimson King" do King Crimson, Blind Faith, "Trout Mask Replica" do Captain Beefheart, "Nashvile Skyline" do Dylan, Abbey Road, Santana, "Stand" do Sly & the Family Stone, e muito mais.

Incluindo o Led Zeppelin e o Led zeppelin II.

Jimmy Page já era um músico veterano de estúdio e guitarrista oficial dos Yardbirds aos 24 anos quando decidiu criar uma superbanda. E seu novo cartão de visita foi gravado no Olympic Studios em Londres e lançado em 12 de Janeiro de 1969.

O Led Zeppelin já tinha tocado em gigs universitárias e feito uma turnê na Escandinávia como New Yardbirds, tocando músicas dos Yardbirds e outras novas incluindo “Communication Breakdown”, “I Can’t Quit You Baby” de Willie Dixon, “Babe, I’m Gonna Leave You”, e a trovejante “You Shook Me”. Então já conheciam os arranjos muito bem quando entraram em estúdio e gastaram apenas 36 horas incluindo a mixagem.

Para atingir os clássicos timbres de guitarra do primeiro álbum, Page tocou uma Telecaster 1958 de pintura psicodélica ligada num amp Supro impiedosamente saturado. E ele tirou vantagem da ambiência natural. Até então guitarras eram tipicamente gravadas com um microfone colocado direto em frente à tela do amp. Mas Page insistiu em usar múltiplos microfones, alguns distantes mais de 6 metros do amp, e misturando tudo o que foi captado na fita.

Tão grande quanto as guitarras do álbum Led Zeppelin soam ainda hoje, Page foi além em Led Zeppelin II o que ajudou inegavelmente a elevar a reputação da Gibson Les Paul e estabelecer a mística do modelo de 1959 em particular.

Enquanto fazia a turnê americana depois do lançamento do primeiro álbum, Page comprou de Joe Walsh em Abril de 1969 a LesPaul '59 sunburst que viria a ser conhecida como sua "Número 1". Page foi visto pela primeira vez com ela no palco no Fillmore West e no Winterland em São Francisco e no Rose Palace em San Antonio.

Walsh estava tocando Gibsons e cantando no James Gang na época, e tinha o braço desta '59 sunburst afinado pra uma pegada mais fácil antes de vendê-la a Page. Já havia uma Les Paul Custom 1960 Preta na coleção de Page que ele modificou com um tremolo Bigsby. Mas a de Walsh era diferente. Ela era perfeita em suas mãos e em seus ombros - onde ficaria suspensa em centenas de fotos icônicas - e personificou o som que ele havia previsto quase sem esforço.

Page descreveu a "Número 1" como sua "esposa" e "amante", e a chamava de insubstituível. Diferente da Black Beauty, que foi roubada em 1970, ela permanece com ele e foi imortalizada por várias reedições da Gibson Custom Shop. Nos anos 70 o controle de tone da ponte foi trocado por um com push-pull que colocava os captadores fora de fase, e o captador da ponte foi trocado depois de falhar durante a turnê. O instrumento também tinha tarrachas Grover douradas. Fora isso, ela permanece a mesma desde quando ele a adquiriu, fora o desgaste da estrada.

A "Número 1" e uma série de amps Marshall - os mesmos que Page usou no palco - foram a base sonora pro Led Zeppelin II. A banda escreveu e desenvolveu as músicas enquanto excursionava pela América e Europa de Janeiro a Agosto de 1969. Diferente do primeiro álbum, cada faixa foi gravada separadamente em vários estúdios nos Estados Unidos e no Reino Unido. Não havia nada de vagaroso no processo, entretanto, já que as sessões eram concentradas entre os concertos, conseguiram reproduzir o clima ao vivo do primeiro álbum.

Uma constante em Led Zeppelin II foi o engenheiro Eddie Kramer, que trabalhou com Jimi Hendrix e ainda hoje trabalha com as fitas de Hendrix. Kramer ajudou Page a atingir um som mais limpo, mais definido pro álbum inteiro e incentivou Page a experimentar. O meio psicodélico de "Whole Lotta Love", que chicoteia pelo espectro estéreo como um redemoinho, é o mais famoso resultado destes esforços aventureiros.

"Ramble On" estabeleceu o uso de letras sobre espadas e feitiçaria muitas vezes parodiada no hard rock de hoje. “What Is and What Should Never Be” levou a dinâmica ao seu máximo. E o baterista John Bonham fez o solo em "Moby Dick" que bateu o de Ginger Baker em "Toad". Mas Page definiu o som pesado da Les Paul no rock pesado para sempre. Seus riffs em "Heartbreaker" fizeram dela a "Eruption" daqueles dias, imitado por quase todos os guitarristas fritadores que vieram depois dele. E seus riffs rosnantes de "The Lemon Song" e "Whole Lotta Love" são agora parte sólida do rock.

Logo depois de lançar Led Zeppelin II, Page adquiriu uma segunda Les Paul Standard que ele batizou de "Número 2". Ele afinou seu braço pra simular o da "Número 1", e instalou potenciômetros push-pull pra dividir as bobinas dos humbickers. Depois do fim do Led Zeppelin ele instalou botões enbaixo do escudo para mudança de fase e ligações em série nos captadores. Mas antes da dissolução da banda, a "Número 1" e a "Número 2" ajudaram Page e seu super grupo a criar a história do rock 'n' roll por mais 7 inspiradores e eternos álbuns.

Fonte: Gibson.com

Um comentário:

  1. Page é sem dúvida algo extraordinário para o rock! Pegada, sentimento, timbre, muito único! Talvez não mais hj, após ter sido o espelho de muitos outros guitarristas.Ousar a experimentar, sempre!

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