"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso: é-lhe indiferente." (Carl Sagan)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Delays...As quatro faces de uma só obsessão

Comparo um bom pedal de Delay a uma caixa de cerveja bem gelada...Sim, exatamente! Pois ambos têm o poder de causar o mesmo efeito de duplicação, só que o primeiro na minha audição e o segundo na minha visão...hahaha!!!

Análogo, Digital, de Fita ou Modelador?

Quando pensamos em comprar um delay hoje, parece que existem muito mais opções do que nunca! Os vintages analógicos ainda estão por aí com o preço exorbitante, mas valem tudo isso mesmo? No caminho inverso andam os digitais, antes essenciais nos anos 80, agora vendidos a preço de banana, mas são realmente estéreis e sem vida?

Os modeladores receberam muita atenção ultimamente, prometendo simular o som de qualquer outro tipo de delay em um só pedal. Mas será que conseguem isso ou é só jogada de marketing?

E por fim, para os puristas, o famoso delay de fita, que são as originais ‘câmaras de eco’ usando até mesmo válvulas, hoje em dia peças de colecionador e muito caros. Além disso, a manutenção é difícil e são normalmente temperamentais e ruidosas. Reconhecendo isso muitos fabricantes relançaram seus modelos de fita prometendo boa qualidade e fidelidade sonora.

Diante de tudo isso a pergunta que vem é qual é a melhor opção afinal? Acredito não haver o ‘melhor’. É uma questão pessoal, pois cada um deles se comporta de maneira diferente. Mais adiante vamos dar uma olhada em cada um destes quatro cavaleiros do apocalipse! hohohohohohohohoh

Booster? O que é isso???

Pedais de Boost têm sido usados desde o início dos anos 60 e continuam a ser usados até hoje para uma série de aplicações. Os primeiros Boosters eram simples em design e usavam transistores de germânio o que proporcionava um toque de overdrive harmonicamente rico ao som e combinava perfeitamente com amps valvulados em alto volume. Este era um timbre que se tornou popular entre guitarristas de blues e rock. Os Boosters eram a opção de escolha ao seu rival, o pedal de fuzz, para aqueles que queriam manter e enriquecer o timbre natural de overdirve de seus amps, ao invés de alterar e distorcer o sinal de áudio através de um Fuzz. Os primeiros boosters acentuavam as freqüências agudas do sinal ajudando o guitarrista a se destacar na banda. Ouça Eric Clapton com o John Mayall’s Bluesbreakers e você ouvirá a combinação duma Gibson num Marshall e um Booster enriquecendo e reforçando o timbre do amp.

Nos anos 70, boosters de germânio ainda eram usados, mas agora para um novo som de rock mais pesado e com grandes níveis de distorção. Músicos bem conhecidos como Tony Iommi do Black Sabbath e Brian May do Queen estavam agora usando boosters customizados que foram desenhados para abranger mais freqüências, mas ainda tendendo a acentuar os médios. Isso adicionou uma complexidade mais escura e timbre mais denso o que também trouxe mais overdrive consigo.

Nos anos 70 aconteceu a larga adoção dos transistores de silício, substituindo os primeiros transistores de germânio em praticamente todos os equipamentos musicais. O silício era superior em sua habilidade de proporcionar um sinal de áudio mais forte e limpo, o que era ótimo para pré-amplificadores, mas não tão bom assim se você quisesse um booster que oferecesse aquele sabor único e macio na mixagem.

Já nos anos 80, iniciou-se o conceito e uso em larga escala do boost limpo. Isso foi difundido usando-se o pedal de overdrive de maneira reversa, ou seja, ajustando o controle de volume (level) no Maximo e o de ganho no mínimo. O resultado poderia ser mais overdrive conservando as características básicas do amp. Stevie Ray Vaughan usou o famoso Ibanez TS-808 Tube Screamer desta forma, mas artistas de hard rock e heavy metal preferiram usar algum tipo de pedal overdrive regulado como boost entre a guitarra e seus Marshall ou outro amp para obter aquele som ‘hot-rodded metal’. Enquanto muitos músicos buscaram seu timbre de overdrive/distorção tendo seus amps modificados, outros ficaram nos amps tradicionais apenas pisando em seu pedal overdrive regulado como boost limpo quando necessário e esta foi a chave para alguns dos timbres mais quentes da época.

Pedais de equalização também foram usados com a mesma finalidade e no geral equalizadores e overdrives cumpriram bem essa tarefa, alguns melhores que outros, é claro, com menor ruído e menor coloração tonal do sinal. Enquanto que usar pedais de overdrive de maneira reversa certamente causa o efeito de booster, coloração tonal extra certamente ocorria devido a sua natureza.

Hoje, muitos músicos interessados em dar um boost em seus amps querem fazer isso o mais transparente possível. Eles querem o timbre que já possuíam, mas com a habilidade de adicionar mais ganho e produzir um sinal mais quente permitindo que suas notas e acordes gritem com um sustain rico.

Tenha em mente que a MELHOR aplicação pra qualquer Booster é quando estamos tocando num volume de palco ou ensaio, e não dentro do quarto do seu apartamento e ainda tendo o síndico como vizinho! É quando qualquer amp valvulado bom quer ser fritado no Maximo! Aqui um bom exemplo...http://www.youtube.com/watch?v=oeJYAH-Kiy8



Fuzz? O que é isso???

Desde que ouvi Robert Fripp improvisando em 'Asbury Park' do disco ao vivo USA do King Crimson, o Fuzz entrou na minha vida definitivamente.

O fuzz, em comparação ao overdrive ou a distorção, pode ser mais bem descrito como um efeito de alta saturação, o que é na sua forma mais simples um tipo de distorção criada por 2 ou mais transistores. As primeiras unidades de fuzz usavam transistores de germânio que contribuíram para criar um timbre único que transistores de silício, op-amps, ou válvulas não conseguem simular.

Um Fuzz equipado com transistores de germânio é capaz de gerar vários níveis de resposta de freqüências e ganho. Enquanto alguns Fuzzes de germânio têm uma banda de freqüência limitada que paira sobre os médios, outros podem ser bem balanceados em comparação e ter uma resposta de freqüência mais abrangente. Adicionando mais transistores de germânio num circuito, alguns Fuzzes são capazes de uma enorme quantidade de ganho também.

O que os Fuzzes de germânio geralmente têm em comum é o timbre áspero ou duro misturado com harmônicos aparentes e musicais especialmente quando adicionado a um amp valvulado já saturado. Com um amp já comprimindo suas válvulas e gerando overdrive, fuzzes de germânio podem realmente criar vida própria e soar completamente diferente do que num amp limpo. Ouça o timbre de Hendrix ao vivo e como ele grita em seus solos através de seus stacks Marshall – essa densidade e sustain são o resultado de um Fuzz Face adicionado à compressão do Marshall. Isso criou um som explosivo jamais ouvido antes.

Transistores de silício cresceram no uso popular no final dos anos 60, já que eram mais fáceis de fabricar em termos de consistência na performance e durabilidade. Os primeiros tinham um timbre mais macio sem tanta aspereza. Também eram capazes de atingir maior ganho comparados a outros circuitos idênticos além de uma resposta de freqüência muito mais aberta.

Durante os anos 70, o transistor foi substituído pelo circuito integrado, que basicamente faz o trabalho de vários transistores em um único chip. Alguns puristas do Fuzz podem considerar que a partir disso, estes pedais não poderiam mais ser considerados como verdadeiros Fuzzes.

Hoje, existe uma gama enorme de pedais de Fuzz no mercado, de antigos desenhos originais, reedições dos originais, bem como alguns novos e únicos timbres de fuzz e até mesmo unidades híbridas que unem as características de overdirve e fuzz.

domingo, 1 de março de 2009

The Nels Cline Singers


A idéia de tocar música instrumental no formato de trio sempre me agradou. Praticamente um projeto de vida. Mas confesso não ser essa uma tarefa muito fácil, dentro da minha concepção do que um trio instrumental deve ser. Depois de anos acompanhando o trabalho em trio de caras como John Scofield, Scott Henderson, Charlie Hunter, Frank Gambale, Steve Stevens, Adrian Belew, dentre muitos outros, me deparo com este trio fabuloso formado por Nels Cline (guitarra), Devon Hoff (baixo) e Scott Amendola (bateria).
Aqui não tem MPB de churrascaria nem temas do Real Book pra tiozão ouvir. A regra aqui é quebrar regras, o imprevisível previsível, experimentalismo com liberdade, improvisação coletiva, fritação sem malabarismos, enfim tudo o que sempre sonhei!
O resultado é impressionante, pros ouvidos e pros olhos também, com performances aonde a sintonia entre o trio é evidente. Confiram um pouco disso aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=MMVg-3jFPjc
Pedais...vários deles! E usados de maneira muito musical, contribuindo na criação do clima e das texturas que fazem a identidade desse trio maravilhoso. E na homepage de Nels Cline voce ainda pode encontrar uma descrição detalhada de seus pedalboards comentados por ele próprio:
http://www.nelscline.com/tech.html
Fusion? Jazz Rock? Free Jazz? Progressivo? Metal? Vanerão? Barulho dos infernos? Chame como quiser...eu chamo de loucura genial...